quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Resultado do Concurso Tradutor Juramentado - Sergipe - JUCESE / FUNCAB - 31/10/2013




Eugenio Ramos Poeta e Tradutor
Eugenio Ramos Feliz
Estou feliz. Fui aprovado hoje, 31/out/2013, nas provas escritas para Tradutor Juramentado e Intérprete Comercial do Estado de Sergipe - Habilitação Inglês/Português. 14º colocado entre os 17 aprovados, de um total de 266 profissionais inscritos. Aguardando a Prova Oral em 01/dez/2013.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

O Primeiro Discurso do Papa Francisco no Brasil

O Papa Francisco falou pouco e disse muito. Fenomenal. Ditado pelo Senhor, foi o que me pareceu o primeiro discurso do Sumo Pontífice no Brasil neste 22 de julho de 2013.

Até parecia que tinha lido a argumentação da Presidenta Dilma, que horas parecia estar apresentando um Projeto, horas se desculpando pelos vandalismos dos últimos protestos.

Mas, em suma, o 1o. discurso do Papa foi em cima do problema crucial: a Educação da Juventude. Com um sotaque bem fácil de se assimilar, em Português claro e tom conversacional, o Bispo de Roma usou de figuras de linguagem do nosso vernáculo com tal propriedade que me encantou. E vejam que, embora Cristão, não sou católico ou devoto de qualquer Igreja.

Como se usando de uma parábola, foi altamente incisivo ao utilizar a nossa expressão paternal que “os filhos são as nossas meninas dos olhos”. Lembrou-me as palavras do Mestre dos Mestres: “Venham a mim as criancinhas”. E parecia retrucar à Presidenta, ao reiterar que devemos dar condições de vida e de educação para que os nossos jovens possam ser tudo de bom que têm direito de ser.

Tomara que suas palavras sejam repetidas por esse Brasil afora, e as promessas de inclusão social, investimentos na Educação, programas tipo Um Computador para Cada Aluno, etc., sejam cumpridas, levadas à prática.

O Papa não disse, mas pareceu deixar nas entrelinhas, que os atos de vandalismo praticados pelos milhares de jovens durante os protestos de 2013 no Brasil têm por trás as más práticas políticas, não só pelo financiamento de coquetéis molotov e outras peças de guerrilha urbana, mas pelo desvirtuamento das metas educacionais.

Se os jovens têm sido aliciados para desvirtuar o caráter pacífico dos protestos, os verdadeiros corruptos são todos aqueles que, detentores do Poder pelo Mandato, se mostram corruptores e corruptos na sua missão de bem servir à Nação.

E a solução não está na manipulação das massas, nas medidas populistas que o Brasil está acostumado a ver e sentir a ineficácia. A solução está em se educar o povo. Em lhe dar condições de fixar metas e recursos para alcançá-las. A solução está na democratização e viabilização de acesso à Educação e Cultura, o que, aliás, é meta de minha vida, como pode ser visto em meu website, Eugenio Ramos Poeta.

Assim, o Papa Francisco se mostrou mais político brasileiro que todos os eleitos pelo nosso povo. O Papa mostrou que entende os nossos problemas e sabe como contribuir para a solução. O Papa é um Mestre. Ouçamos o Papa. Paz e bem ao Papa e todo o seu rebanho. Políticos, obedeçam ao Papa. Ele trouxe a voz do Senhor.

domingo, 30 de junho de 2013

Brasil 3 X 0 Espanha
11 jogadores do Barcelona em campo. E mais um em negociação!
Valdés, Jordi Alba, Piqué, Busquets, Iniesta, Xavi, Cesc, Pedro e Villa, pela Espanha.
Neymar e Daniel Alves pelo Brasil. Além do atual sonho de consumo do Barça, Thiago Silva, em negociações.
Será que é uma Empresa de Futebol?

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Protesto Limpo em Aracaju 

 Publicado em www.eugenioramos.aju.br

A PM estava a postos, até de helicópteros, pelotões de cavalaria e motos além da 3ª Cia/BP Choque, com cães das raças Rottweiler, Pastor Alemão, Pastor Belga e Malinois. E não houve enfrentamento, quebra-quebra, bombas – nem sequer os famosos fogos juninos, tão tradicionais nesta época, nesta Capital do Forró!
Saiu no G1/SE:
“... Cerca de 20 mil manifestantes se reuniram no fim da tarde desta quinta-feira (20-jun-2013) na Praça Fausto Cardoso, no Centro de Aracaju, para se juntar ao protesto que iniciou na semana passada em São Paulo... Eles seguiram para protestar em frente à Assembleia Legislativa de Sergipe de forma pacífica e depois se dividiram em dois grupos. Um seguiu em direção ao Centro Comercial e o outro fechou o trânsito da Avenida Beira Mar, uma das mais importantes de Aracaju... Os motivos: a qualidade no transporte público, fim do favorecimento aos donos das empresas de ônibus, passe livre, melhoria na saúde e educação, fim da violência policial, da corrupção e eficácia nos gastos nas obras da Copa do Mundo... g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2013/06”
A Polícia não precisou intervir nem mesmo quando alguns estudantes da UFS queimaram um colchão velho no terminal de ônibus do Distrito Industrial e aproveitado para saquear um caminhão de cervejas e Coca-Cola (estavam com sede, furto famélico, né?). Pra não dizer que não houve nada de errado, 4 moleques foram apreendidos por tentar saquear um supermercado. Adolescentes, bêbados, ECA...

Tudo pacificamente, dentro da Lei e da Ordem. Muito mais tranquilo que dia de jogo entre Sergipe e Confiança. Muito mais organizadamente que em Pré Caju, a prévia de Carnaval mais conhecida do Brasil, festa cuidadosamente preparada durante o ano todo, há mais de 20 anos.Mas o que me chamou a atenção foi que à noite, quando saí de moto para comprar cigarros, apesar de uma leve garoa, a cidade estava LIMPA! Não havia latas, copos, papéis, nem cheiro de xixi...

Acostumado a ver a sujeira deixada pelos torcedores na saída do Estádio Batistão, que fica na minha rua, estranhei a limpeza assim que tirei minha moto da garagem. Então resolvi dar uma volta pela cidade e conferir.

A cidade estava limpa, mesmo. Principalmente no trajeto da passeata. Ainda não tinham passado os caminhões de coleta regular de lixo e os sacos azuis estavam intactos, nas calçadas.

Fica uma pergunta, antes de elogiar: será que minha gente está tão civilizada ou a Prefeitura está tão eficiente?

De qualquer maneira, fiquei orgulhoso de morar aqui. De ser gente dessa gente. De ver que, pelo menos hoje, meus impostos foram bem usados – pelo Governo Estadual, com a PM pronta, mas respeitosa aos contribuintes e os Direitos Coletivos; pela Prefeitura de Aracaju, com a limpeza da cidade - prevenção sanitária nesta época altamente suscetível à leptospirose além, do acompanhamento inédito de ambulâncias durante o percurso.

Vale lembrar que o Governador e o Prefeito estavam no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Parece que, em Sergipe, vice manda mesmo. Que bom. Tomara que entendam o recado do povo, também.

Aí o país não vai mais parar pra reclamar contra a má qualidade no transporte público, contra o caos na Saúde Pública e na Educação, nem da violência policial ou da ineficiência contra o banditismo. A nossa Economia pode voltar crescer sem as rédeas “mantegárias” e a inflação não voltará a nos assustar.

E, se não for pedir muito, o povo não verá mais a costumeira ineficácia nos gastos nem outros desmandos oficiais – incluídos aí as leis sem sentido como a “Cura-Gay” e a lentidão do Judiciário, grandes incentivadores da impunidade viciosa e conivente com a tradição antidemocrática do corporativismo nobiliárquico e autocrático da corrupção oficial, herdada de D. João VI e sua Corte.

Mas, hoje, estou feliz com a minha terra. Amanhã... Vai ser outro dia. Pelo menos, vai começar com as ruas limpas. Mérito do povo, da Prefeitura, ou de ambos? Ou – piadinha sem graça pra encerrar - será que foi o aparato militar que intimidou os “sujões”?

sábado, 6 de abril de 2013

SOPRO DOS CÉUS


Que pedaço de mim é esse
espelho do passado
Que me dá orgulho
e medo?

Que gente é essa
trindade
que me envolve,
enrola
e me faz sentir
Grande?

É uma coisa forte,
complexa,
Amor profundo,
desejo de ver bem,
de poder cobrir com meu manto
o trio
assim como de deixar
viver
Sós.

Que coisa foi essa,
atordoante,
que um dia se instalou
em mim, cabeça, coração,
pra nunca mais sair,
esquecer?

Quem são esses
Elfos, duendes ou gnomos,
Gênios,
que me exigem poder hercúleo,
Heterodinâmico, sobrenatural,
ou me jogam no fundo do mar?

É um prazer enorme de me ver,
transformar,
de ouvinte a locutor,
Mestre sobrenatural a simples
mortal,
Representante dos céus,
Suprassumo da grandeza
a inocente leigo das coisas
que eles podem me ensinar.

Desses argonautas de olhos verdes-cré
que singram eternamente no oceano
instável da minha vida só posso dizer que é
grandioso demais
ouvir um dos três me chamar:
"Venha cá, Meu Pai".
OLHOS ABERTOS

Sabe aqueles dias em que o coração amanhece chorando, mas mesmo esse sofrer é reconfortante?

A dor da paixão perdida tão presente se fazia, que a necessidade de um novo alento dominava, levando à busca - eterna procura dos mal-amados - de algo diferente do todo-dia, talvez apenas para não ver a face que não se afastava da memória ou de um rosto novo que apagasse da lembrança, nem que por alguns momentos, a vida que, dia-a-dia, tinha jogado fora acreditando estar construindo e de repente assim, passando, encontrei uma beleza totalmente diferente do padrão que procurava. Não tinha nada a ver com o que incomodava, não parecia com a paixão que apertava o âmago, não era nada conhecida, mas encheu os olhos.

Dançar a noite inteira, rir, galante, cortês, cortejando e cortejado, namorado perfeito para a princesa que, encantada, sucumbia aos mágicos acordes das canções românticas e dançáveis que escolhia, fascinado com aquela presença deliciosa que ali flertando, mimosa, amenidades dizia, querendo partir, mas, agradada, contente, que dava a ficar, pedindo mais uma música.

E assim, nesse dançar e flertar, foi-se a noite e ao deitar, só, sono veio sem preocupações, como se Morfeu, completando o trabalho de Cupido, piedoso a alma envolvesse e desse relaxamento total.

Ao novo dia contemplar, eis que a dor que outrora o coração triturava amena veio, dando a impressão de consolo, como que lembrando que sem sofrer não se dá valor aos sentimentos, como que dizendo que o aperto
no íntimo era prova de vida e que a vida merecia ser vivida.

Visita, loucura enfrentada com arroubos de calor, um sorriso mais íntimo, uma carícia sutil, um passeio mais longo, novas palavras, ideias agradáveis, um conhecer e ser conhecido, deixar que o tato venha - todo um sonho se fazia realidade.

E nesse vai-e-vem, como em um carnaval de alegria, mais íntimos ficamos até que, sem nem sequer sabermos se podíamos ser vistos, noite se fez e acobertados pela noite amantes viemos a ser.

Pode acreditar, não sabia mais quem eu era, não conseguia lembrar que algo doía, paixão lancinante e alucinante, doce e envolvente era apenas o que conseguia sentir.

Então, naqueles mares azuis dos olhos daquele anjo louro mergulhava, com ânsia e sofreguidão há tanto sem exercício e quanto mais a olhava, mais queria ver e tanto mais via mais a queria sentir e a sentindo mais queria mergulhar dentro do seu ser, corpo e alma, naquela roda-viva do amor que se descortinava.

Novamente veio o fascínio da véspera e docemente envolvido pelo carinho que me dava, com ternura pelo seu cheiro inebriado, do seu calor provei. Temperatura exata, qual luva em mão certa, casaco perfeito em ombros no frio, encaixe completo e bem feito de seres maravilhados, louco, muito louco, com seu amor estive até que, no depois, palavras maliciosas a sussurrar e sentir, com tanto prazer, até a vida comum nos alcançar, malevolamente, como se para dizer que todo o sonho era uma necessidade mútua de ser feliz, como felizes o fôramos.

Hoje me vem essa lembrança alentadora, tão forte, que dá até vontade de voltar àquele momento e espaço para tentar reter o tempo ou, ao menos, o seu cheiro...
DRAGÃO

Durma, sonhe
Descanse,
Eu velo seu sono.

Eu sou o Dragão
Eu sou a força e o fogo,
A brisa
O mormaço
Eu tenho o bafo.

Eu fiz Merlin
O Mago
eu sou o fraco
eu viro água
Eu sou o sonho.

Sou seu pesadelo...
eu tenho o bem
e o mal.

Eu sou o dragão chinês
Toda a força
sem controle
Todo o carinho
lhe fazendo um ninho.

Eu sou o general
que manda o infante á luta
Eu sou o guerreiro valente
ante o fraco
Eu sou o covarde
que antevê a dor
e foge.
Eu fui o cavaleiro que procurou
o limite do mundo
Eu achei o Graal
E dei a Percival.

Eu ensinei o segredo da pólvora
ao chinês
Eu fui Marco Polo
Trazendo a explosão
da bomba
Para o Ocidente

Eu inspirei a bomba
Atômica.
Eu domei o átomo
para a paz.

Eu sou o mago
do Escaravelho de Ouro
Eu estive em Sullivan
e contei a Poe.

Eu vivo em Orion
e sou toda a Antares
eu moro na onda
eletromagnética,
ou do mar.

Eu escutei Mozart
e adorei
Fiz a inveja de Viena a
Salzburgo,
Não sem antes o inspirar
Com o Fígaro.

Durma, sonhe
Vou contar outra história
Eu sou o Dragão
que acordou
após tanto tempo descansando
do esforço de cobrir a terra
com o nevoeiro
da mudança.

Eu sou o Dragão
que expira perfume
que transpira orvalho
que fecunda a terra
Que nunca diz adeus
que está preso na ideia
ou imaginação.

Eu sou o dragão
da dúvida.
Fato ou ficção?

Eu sou o dragão
Mas também sou o pombo.
Durma e sonhe,
Sonhe comigo,
Sonhe como quiser

Traga sua lança
ou uma trança
Domine o Dragão,
seja minha criança

Sonhe,
Durma,
comigo.
MOMENTO


Pintou. Assim de repente, como todas as coisas de sabor exótico, mais fortes, ou emoção. Bem o tipo que vem, dá tesão e depois deixa de água na boca.

Esse foi o momento em que ele se sentiu gente, o momento da concretização da magia do bem estar, do amar a si próprio; nunca o prazer quase físico de uma sensação lhe tinha aparecido, se feito real.

Figura louca, sofrida, perdida, durante anos na busca de um algo, alguém, não sabia o que, mas buscava. Buscava tanto que se perdia, complicava o simples, querendo dar tudo de si para ser agradável, para se agradar.

Nessa busca, tentou fazer muito de pouco e fez um pouco de tudo, estilo cotidiano variado - quer dizer, não se conformava (não conseguia se conformar) com nada repetido e ainda assim vivia se repetindo. Não porque quisesse, nem que soubesse, mas simplesmente porque no marasmo do dia-a-dia tudo se lhe apresentava igual, mesmo que estivesse armando uma nova, aprontão que era.

Discípulo de Casanova, D. Juan e outros mestres da arte da alcova, acreditava adorar sexo, embora fizesse apenas com técnica, sem arte; fazia sexo sem sabor.

Acreditava ser artista, ou, ao menos, ter arte em si, precisava buscar inspiração.

Só, acompanhado da multidão; triste, na ansiedade da ilusão de uma festa.

Sem que nem mas, olha em volta. Mira o seu castelo derrubado, sua inexpugnável fortaleza não existe mais. E isso é bom. Estranho como pode algo tão significante, resistente, renitente até, desaparecer e isso ser bom. Foi aquele momento de sensibilidade, quando as coisas tocam, tipo as-palavras-certas-na-hora-certa, mas sem palavras, sem tempo, que tempo não é nada senão lenitivo para o sofrer, uma borracha macia para apagar, sem manchas, as linhas da memória.

Aí começou o seu instante.

Nunca um momento foi tão longo, tão passado e, paradoxalmente, futuro; só o presente não existia mais. Descortinou-se um outro ser e, não se sabe como nem por que, se sentiu espectador do seu próprio espetáculo, diretor impotente perante a performance dos artistas que, assim como se em laboratório, tiravam arte da vida - ou vida da arte - e ele mesmo era o protagonista.

Linda, doce, amarga como fel, horrível mas aliciante sensação de não mais querer e tudo vir.

Não era bem não mais querer; só não havia mais a urgência da busca. Não achou, mas lhe veio, assim como uma estrela linda, clara, fulgurante, apaixonante, para lhe trazer um céu. Um céu à noite, pontilhado, Capricórnio, Escorpião, Virgem, Sagitário, espelhado na enseada calma e sem remanso de um ser atônito e maravilhado.

A criança percebeu ter crescido sem saber e ali estava, novo, diferente, confuso com a nova realidade simples e deveras tocante daquele instante de toques.

Contudo, não perdera sua alma infantil, não perdera a ingenuidade que é necessária para se comover e assim riu. Um riso confuso, convulso, quase um choro de alegria. E essa alegria, ninguém pode precisar quando, evaporada se fora, roubada, massacrada ou, talvez, só perdida ou abandonada durante a busca e, mesmo assim, um dia ele tinha implorado poder tornar a sorrir mas, no seu devaneio, nem sentiu que o sorriso nunca se apagou, que a chama continuava acesa.

Mas o momento veio, a realização da vida chegou e nesse momento ele foi céu, centro, órbita, foi feliz.

Então foi ele...

quarta-feira, 20 de março de 2013

Quem Quer Viver Pra Sempre?!? EU!!!


Outra noite, lá pelo terceiro copo de B&W trocando abobrinhas com um dos “Anexados” - porra, lá vai explicação:
“Anexados” foi o termo adotado lá em casa para denominar o grau de relacionamento doméstico de alguns amigos mais jovens que, além de nos honrar com fidelidade, disponibilidade, atenção, respeito, admiração, ainda nutrem uma certa ânsia de conhecimentos a qual procuram saciar, como se simbiose possível, com a minha companhia e podem estar presentes a qualquer hora, em qualquer lugar.
Como eles sempre amadurecem, vão-se compor seus próprios clãs. Novos se incorporam. Já orientei gerações. Convivi com um avô, lecionei ao seu filho, teclo com a neta que está grávida. Tem gente que os chama de "Aprendizes de Feiticeiro".

Vamos lá, de novo: Outra noite, lá pelo terceiro copo de B&W trocando abobrinhas com alguns dos “Anexados”, descompromissadamente, brincando na web, vem à baila a Morte. Um comentário me chamou a atenção. Foi uma pergunta, mas tão intencionalmente demonstrativa que senti como comentário provocativo.
Eles fazem isso, só pra me ouvir polemizar. E depois me sacaneiam dizendo que sou chato, quero ser o dono da verdade, que penso que sei tudo. E daqui a pouco já tem um puxando o saco, outra quer uma força, como é que eu vou saber se calcinha amarela dá mais sorte que azul-bebê?

“É foda… O cara tem tudo, tá de cima, novão, viajado, solteiro, esperto, o picas, bate o carro e morre. Acabou. Em poucos anos é como se não tivesse existido. Pra que é que gente serve, virar comida de vermes no final?”
Não deu tempo nem da língua coçar. Quando ele disse “Acabou” meu sangue ferveu, adrenalinalizei, e despertei para a realidade de ser infinito. Aí comecei:
“Nem todo mundo acaba. Pra você a morte acaba tudo? Então, pra mim, eu sou imortal. Nunca vou acabar. Então, quer dizer que nunca vou morrer?”

Levantei, retirei-me da sala, trouxe água pra galera e intimei:
 - E aí, eu nunca vou desaparecer. Então, vou morrer ou não?

 “Ô Zé, na sua história, o cara tinha tudo. O que é ter tudo? Muito dinheiro, poder, comando, domínio, terras? E o que se faz pela vida, conta? Se o cara atrasa o aluguel de vez em quando, vive apertado, será menos digno de pena quando morrer?”

Deixa as respostas pra lá, a gente fala nelas se precisar encher linguiça por aí. Continuando. A questão passou a girar sobre eu acreditar ser imortal.

Sem partir pra Ética, Filosofia ou Religião, eu nunca vou desaparecer porque minhas palavras estão impressas e publicadas. No papel e na Internet. Uma geração desenvolvidíssima de um hoje ainda em início de construção com certeza irá aplicar meus conhecimentos e legados para entender o momento da nossa presença neste espaço. As minhas mensagens serão a mídia da minha essência, como hoje o é a carne.

Para unir enquanto necessária união se faça do pensamento e ideias com a carne, mesmo após esse pedaço de corpo que envelhece perecer, não será alimento de vermes. Continuarei materialmente vivo no corpo dos quantos puder meus órgãos doar. O lixo, creme-se. Cinzas ao mar. Quero funeral, enterro, não. Festas, homenagens, discursos, recitais, publicação de inéditos, reedições, registros biográficos multimídia, tudo que tiver direito, façam por mim. E repitam, transformem em evento periódico. Assim estarei vivo e atuante.
E ainda continuarei vivo na minha descendência. Já estou multiplicado, aliás, desmultiplicado. Meu DNA já se espalha mundo afora. Um filho é você, que você separa de si e prepara para fazer melhor que você mesmo. Um neto é você já se separando do você separado anteriormente, para mais hojes poder desfrutar. E esses aí, que já existem, com certeza vão ler e entender e divulgar meus princípios que lhe serão polidos pessoalmente ainda por mim. E os netos deles serão mais outros a me eternizar.

Não sou Deus, mas sou imortal.

Publicado originalmente em:"Pra passar o tempo".
livro impresso de Eugênio Ramos Poeta.